domingo, 24 de abril de 2011

Criando defesas a Morpheus


 Queria que decifrassem meus sonhos e fizessem-me entender porque eles parecem tão loucos assim, de primeiro olhar. É difícil lembrar a última vez que sonhei algo que pudesse ser classificado como ‘’normal’’, o que quer que seja que essa palavra sacana signifique... Mas sonhos não precisam adentrar a normalidade, não é?
 Lembro as sábias palavras de alguém há muito esquecido me dizendo para nunca dividir meus sonhos com ninguém porque ‘’eles fazem parte de um mundo que só pertence a você, de fato e de direito’’ e em parte até que é verdade. Qual pessoa nunca teve um sonho que logo após de acordar pensou ‘’Esse eu nunca vou contar pra ninguém’’ ou simplesmente ‘’Uau!’’, que atire a primeira pedra! Mas também existem aqueles sonhos de pessoas realmente Sonhadoras com S maiúsculo, que desejam o conserto do mundo, o conserto dos sentimentos humanos... Mas esse texto tem a finalidade de ser casual e não entrarei nesse mérito hoje.
 Pensando em mundos interiores, paralelos e particulares, hoje presenciei uma cena, provavelmente bem comum, do cotidiano de umas pessoas desconhecidas... A mãe olha para a filha, de no máximo seis anos, e diz ‘’Para de sonhar acordada, menina, que coisa!’’ e aí dá um puxão para a pobrezinha ‘’acordar’’... Foi esse acontecimento curioso que me fez pensar sobre meus sonhos e os sonhos que, talvez, uma garotinha de seis anos tenha. É tão difícil na rotina das pessoas conseguir encontrar alguém que, mesmo por um momento esteja sonhando acordado... Quero dizer, por vontade própria. Porque involuntariamente é muito fácil de reconhecer talvez dezenas em poucos minutos. Por vontade própria que quero dizer é alguém que se permita se desligar daquele mundo rotineiro e apressado a que estamos acostumados viver para se dar um momento prazeroso de sonhos e pensamentos íntimos... Alguém que se permita viajar tão longe a ponto de perder o trem que o levaria para o trabalho, sem se importar que vai chegar alguns minutos mais tarde e que, talvez, isso possa lhe custar algo do salário, só para ter aquele momento humano de aspirações, pensamentos e sonho.
 É engraçado pensar que é um momento em que não precisamos ter vergonha do que vamos ‘’fazer’’ ou ‘’dizer’’ porque tudo faz singelamente parte de um fluxo infinito de pensamentos... Eu, particularmente, gosto de pensar que exista algo em minha vida que seja inteiramente meu, sem egoísmos ou nada do tipo, algo que me pertença. E suponho que por isso ter visto uma mãe, por mais amável que seja, privar, involuntariamente, é claro, sua filha de viver intensamente algo que a pertença a ela e só, exclusivamente, a ela, tenha me irritado um pouquinho. Sonhos podem lhe conduzir e definir e, também, lhe fazer persistir porque o que seria a Esperança senão um sonho fantasiado de sentimento?
 É... Eles nos completam e se é que posso dizer, nos fazem viver de maneira mais leve, dependendo de como forem interpretados por nós... Ou, eu é que sou Sonhadora demais.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

''Give peace a chance''


  Em uma janta qualquer o pessoal resolve quebrar a rotina e liga a televisão... E eu perco a fome. Acontecimentos como esse no Rio de Janeiro me fazem pensar nas pessoas que acreditam no ser humano, pessoas filantrópicas que acreditam que tudo pode melhorar, tudo pode mudar... E em momentos como esse eu me pego pensando no quão essas pessoas são sonhadoras... Mesmo sendo uma delas.
  Eu nunca esqueci de uma parte de ‘’O Caçador de Pipas’’ em que o pai de Amir explica que roubar é o pior dos pecados... Não me lembro das exatas palavras, faz três anos que li, mas me lembro da parte em que ele diz que matar alguém é roubar o direito que essa pessoa tem de viver... E é a absoluta verdade. Vai muito além de minha compreensão entender porque uma pessoa resolve acabar com a própria vida e, de quebra, com a de mais não sei quantas crianças. Acabar com a própria vida, beleza, quer morrer? É uma escolha, não é? Mas o que aquelas pessoas tinham haver com isso?
  O que mais me indigna é o individualismo de uma criatura dessas... Do tipo ‘’Danem-se as crianças e o futuro que elas poderiam ter, danem-se os pais e os familiares, dane-se a dor que todos eles vão sentir, o que eu quero é me desumanizar antes de morrer!’’. Eu, realmente, não entendo. E vou ficar sem assistir qualquer tipo de jornal pelo menos na próxima uma semana... Não agüento ver o fato de que uma tragédia como essas pode interessar tanto a população, é lamentável.
  Sem generalizações, eu sei que não é um imbecil como esse que vai fazer com que o mundo inteiro vire um psicopata ou algo do tipo, eu sei que existem pessoas boas, ou, pelo menos, acredito nisso, só não consigo conter minha indignação. No final, acho que eu é que sou sensível demais...
  Desejo a todas as famílias muita força e esperança nesse momento difícil.